3 de out. de 2011

A importância de saber se vender

A maioria das pessoas faz networking, mesmo que não saiba. Os pais, por exemplo, falam com frequência com amigos e conhecidos sobre seus filhos. Esportistas trocam experiências com seus pares sobre o esporte que praticam.

No mundo corporativo, o profissional deve também ampliar suas redes de relacionamento se quiser ampliar suas chances de empregabilidade e sucesso.

Há um mito de que networking é tão valioso que qualquer relacionamento deve ser estimulado. Isso é uma grande ficção. Ninguém pode ter tantos relacionamentos e não pode esperar deles grandes coisas.

Acredito que é preciso seguir a intuição no networking. Não podemos forçar um contato com alguém, tampouco uma intimidade que não existe. Mas, ao mesmo tempo, vamos viver experiências em que tudo parece colaborar para um vínculo de amizade, por mais estranha que a situação possa parecer.

Um erro comum é tentar uma recolocação por meio de alguém com quem você não tem interesse de qualquer natureza, seja profissional, religioso, esportivo ou acadêmico. Às vezes, um companheiro de corrida tende a ser uma fonte mais eficiente na hora de encontrar um novo emprego do que uma agência.

A intuição também é importante na hora de abordar alguém para falar de você e de sua busca por um novo emprego. De nada adianta encontrar ex- colegas ou conhecidos e ir logo perguntando sobre a disponibilidade de uma vaga na atual empresa em que trabalham. Eles podem não saber ao certo sobre possibilidades de emprego e acabarem se intimidando com a pergunta.

A conversa, então, em vez de deslanchar, estanca. Murcha. O importante em um encontro entre profissionais que, em geral, não são bons amigos íntimos é manter a cordialidade, trocar informações. Se o bate papo for animado e produtivo para ambos os lados, há chances de o colega se lembrar de você quando souber de um posto vago de trabalho.

A pessoa que quer se vender a todo instante, inadvertidamente, peca pelo excesso e põe tudo a perder. O networking precisa ser feito com dignidade.

O mercado de trabalho pode ser dividido em duas categorias: a formal - em que cargos são divulgados em jornais e sites ou pesquisados por headhunters - e a informal, na qual estão incluídos os empregos não divulgados, o chamado mercado escondido. Funciona assim: alguém de determinada empresa indica um amigo ou conhecido para aquele cargo que não foi anunciado em nenhum veículo. A cadeira muda de dono porque aquelas conversas informais - o networking - entraram em ação, conforme pesquisas internacionais.

No Brasil, 52 % dos executivos se recolocam por meio desse mercado informal; apenas 13% obtêm emprego por intermédio de headhunters. Outros 25% conseguem a vaga por causa da troca de informações entre empresas e 10% são contratados devido a anúncios. A melhor maneira de ter acesso a esse amplo mercado é falar informalmente com as pessoas. Invista no networking.

Fonte: Brasil Econômico - Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School.