12 de ago. de 2011

O que faço se não sou respeitado como chefe?

Minha diretora está em licença-maternidade e, durante esse período, fui designado para tomar decisões e liderar a equipe. Tenho percebido, porém, que os outros profissionais não estão me levando a sério. Não sei se é porque ainda sou jovem, se não estão acostumados a receber orientações minhas ou se é porque sabem que, daqui a alguns meses, a chefe vai estar de volta e retomar as suas funções de comando. Quero ser respeitado dentro do grupo, mas não sei se devo apelar para uma forma mais “dura” de lidar com o pessoal. O que fazer?

Gerente, 26 anos:

Resposta:

Conquistar o respeito como líder é talvez uma das tarefas mais desafiantes na trajetória de muitos profissionais que optam por uma atuação que inclua gestão de pessoas. Afinal, as características que são essenciais em um bom líder podem não ser as mesmas que você valoriza e vice-versa.

Há 10 anos, a Cia de Talentos, em parceria com a Nextview People, realiza uma pesquisa com jovens profissionais da América Latina e duas das perguntas são sobre quem é o líder que eles mais admiram e quais características tem esse líder para que seja considerado uma referência. Durante alguns anos, o conhecimento técnico e a bagagem profissional foram citados como itens prioritários.

Ou seja, o jovem profissional considerava que um bom gestor deveria ter experiência e conhecimento naquilo que fazia. Neste ano, os resultados mudaram e vejo nisso uma tendência: a maioria dos mais de 56 mil respondentes disse que para ser um bom líder em uma empresa é preciso saber desenvolver pessoas.

Segundo Ram Charan, autor de vários ‘best sellers’ sobre negócios e liderança, os principais sinais que a corporação tem que estar atenta ao identificar potencial de liderança em seus colaboradores são: habilidade em buscar informações e abrangência, demonstrar motivação e “agressividade”, capacidade de ir para o ataque, facilidade em sintetizar dados para tomada de decisão, habilidade em equilibrar tensões inerentes, busca constante por aprendizados e crescimento, insatisfação constante com o status quo, ser íntegro e dizer a verdade.

Todos esses sinais listados pelo consultor, embora voltados para o negócio, incluem o olhar para o desenvolvimento de pessoas, já que é ele mesmo quem diz que líderes inteligentes colocam as pessoas antes dos números.

A minha recomendação é a mesma. Desenvolva sua capacidade de análise do comportamento das pessoas e adapte a sua linguagem ao interlocutor. Só assim você conseguirá exercer uma real influência em cada integrante dessa equipe.

Você não conseguirá respeito usando uma maneira mais “dura” para lidar com a equipe, muito menos tentando identificar os motivos pelos quais eles não te levam a sério. Mesmo que uma abordagem “menos amigável” funcione com alguns, outros poderiam continuar não te respeitando pela sua falta de maturidade ou porque acreditam que a outra gestora era bem melhor que você.

Tentar encontrar uma só receita para liderar equipes cada vez mais heterogêneas é uma tarefa difícil e que pode te dispersar do foco principal: mobilizar e desenvolver pessoas de diferentes estilos, talentos e ideias. Sugiro que comece ouvindo o que cada uma delas está tentando te dizer com as reações à ausência da antiga gestora, mapeie como elas reagem a determinadas situações e comportamentos e aprenda a envolver as pessoas customizando a sua abordagem.

É claro que isso não quer dizer deixar de ser quem você é, mas, sim, imprimir sua marca e estilo de liderança com versatilidade e estar disposto a conhecer quem são as pessoas que trabalham com você.

Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do grupo DMRH

Fonte: Valor Econômico


www.dpempresarial.com.br