5 de abr. de 2011

Perfis que prejudicam o crescimento profissional

“Diga como você é e eu direi qual é o seu futuro na empresa”. Todos ganhariam tempo se as relações profissionais pudessem ser tratadas com a objetividade dessa frase, empresa e empregado. Afinal, se as pessoas têm clareza sobre o perfil de empresa em que gostariam de trabalhar, e também daquelas em que não querem estar, o mesmo vale para os empregadores.

Alguns tipos de personalidade são malvistos pela empresa. Entre elas, segundo especialistas ouvidos pelo iG Carreiras, a de “fofoqueiro”, de “reclamão”, de quem sempre é “do contra”, ou “bonzinho demais”, assim como o “puxa-saco”, o “descomprometido”, o “inseguro” e também o “centralizador”.

Pessoas com esses perfis acabam inviabilizando o próprio crescimento profissional, mesmo sendo competentes. Segundo Roselake Leiros, diretora da CrerSer Mais, todo mundo tem um pouco desses perfis, mas alguns extrapolam. “E esse é o cuidado que deve ser tomado”, diz ela. “Não deixar que se torne um comportamento constante.”

Na opinião de Pedro Lotti, diretor da PLL Consultoria, a vida profissional de pessoas com esses perfis é curta. “No histórico curricular, eles não passam de um ano em cada empresa.”

Alexandre Rangel, sócio da Alliance Coaching, afirma que dificilmente profissionais com esses traços de personalidade têm promoções dentro da empresa.

Gestores, profissionais da área de recursos humanos e também coachs podem ajudar os profissionais a identificar se seu comportamento está prejudicando a carreira.

Confira a descrição dos comportamentos que podem prejudicar a carreira:

Bonzinho: É o profissional excessivamente bondoso e com dificuldades para estabelecer limites. “Ele acaba assumindo mais do que pode e se sobrecarrega”, afirma Roselake. Segundo ela, isso também pode desvalorizar a pessoa. “Na hora de um projeto importante, ninguém pensa nele, mas sim no profissional que se destaca mais pelo que faz.” Esse tipo de profissional deve ser mais assertivo, definir melhor seus limites e aprender a dizer não.

Rangel também destaca que pessoas assim acabam prejudicando os projetos da equipe. “Ele se compromete a fazer aquilo, mas não consegue finalizar. Acredita que só conseguirá crescer profissionalmente se agradar as pessoas. E isso, para ele, significa aceitar todos os trabalhos que pedem.”

Fofoqueiro: Perfil presente na maioria das empresas. É do tipo de pessoa em que não se pode confiar. Roselake destaca que ninguém acredita nesses profissionais, por saber que não eles conseguem guardar nenhuma informação. “Não têm noção de limites e podem acabar perdendo algumas oportunidades.”

Roselake acrescenta também que dificilmente um profissional com esse comportamento será chamado para fazer parte de um projeto sigiloso.. “Então, ele acaba sendo excluído pela equipe.”

Lotti destaca que essas pessoas criam um ambiente muito ruim na empresa. “Sempre acham que alguém está prejudicando a companhia. Ouvem frases pela metade e contam para o superior. A equipe acaba se virando contra ele.”

Outro ponto levantado por Rangel é a inveja. “Esses profissionais acreditam que o caminho para crescer na empresa é estarem sempre presentes e serem donos de algum conhecimento, mesmo que seja sobre a vida dos outros.”

Reclamão: Está sempre olhando para o aspecto negativo de tudo. Deixa uma energia pesada no ambiente de trabalho, sempre olhando para as inconveniências. Aquilo que é bom, nunca é apreciado. “Pessoas assim acabam não crescendo profissionalmente. Como será um gestor, por exemplo, se não sabe identificar os pontos positivos de nada?”, questiona Roselake.

Do contra: Está sempre em desacordo com as opiniões da equipe. Roselake aponta que existe uma grande diferença entre discordar e defender a própria opinião. “Ser do contra em tudo atravanca os processos na empresa. Não deixa nada ir para frente. A carreira dele acaba ficando travada também.”

Puxa-saco: Acredita que pode tirar vantagem sendo amigo do chefe. Adota o caminho da bajulação para se dar bem e crescer profissionalmente. “Gente assim se esquece que não precisamos apenas da apreciação do chefe, mas também dos colegas. O ‘puxa-saco’ não tem a admiração da equipe e atrai energia ruim”, afirma Roselake.

Normalmente, na opinião de Lotti, profissionais com este perfil são incompetentes, pois só conseguem crescer dentro da empresa se tornando íntimo de chefias igualmente inseguras.

Descomprometido: Não se importa com os projetos da empresa. Está ali apenas para ganhar o salário. Profissionais com essa característica afetam diretamente a produtividade da companhia. “Se, por exemplo, um diretor de vendas não tem comprometimento com as metas que deve atingir, a prejudicada será a empresa”, diz Lotti.

Inseguro: Tem medo de tomar decisões. Acaba não sendo valorizado, pois não consegue ter segurança no que faz. “Com 70% de certeza, já é se pode tomar uma decisão. Dificilmente, a pessoa terá 100%. Mas os inseguros não conseguem pensar dessa forma”, ressalta Lotti.

Arrogante: Acredita que sabe tudo e que entende de todos os assuntos. Segundo Lotti, profissionais com muita arrogância criam uma barreira com o funcionário. “Ele é arrogante, mas no fundo é inseguro. Deveria mostrar que é competente.”

Centralizador: É o profissional que não delega. Não confia em ninguém para fazer o seu trabalho. Na avaliação de Rangel, com isso o ambiente também é afetado porque os empregados ao não assumirem responsabilidades também não crescem.

“Além da equipe, o próprio profissional também não é promovido. Ele se torna insubstituível naquele cargo, já que ninguém sabe realizar suas funções.”

Fonte: Patrícia Lucena, iG São Paulo
Foto: José Dionísio / Fotomontagem iG

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